segunda-feira, 19 de setembro de 2011

19.09.11 Silêncio




Hoje acordei à hora do costume e para grande espanto meu ainda era noite e sem vestígios de aurora.
Não gosto de acordar de noite, há um silêncio profundo, penetrante, incomodativo, que eu não aguento. Fico com o coração apertado e uma sensação de solidão muito estranha e muito vincada. Euzinha que, geralmente até acordo a falar e a cantar, fico calada.
É nesta altura do ano que começo a contar os dias que faltam para que os dias comecem a crescer outra vez.
Não, não quero calor, não quero verão, gosto do Outono, gosto do Inverno, só quero “barulho” e sol quando acordo, dia, movimento, passarinhos, pessoas a andarem de um lado para o outro, não gosto de solidão, não gosto de silêncios mortos.

Silêncios

É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
(Fernando Pessoa)

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