terça-feira, 30 de novembro de 2010

30.11.10 Frio

Pedras de gelo


Ontem à noite morri de frio. Usei mantas, aquecedores a óleo, a gasóleo, a gás e até eléctrico eu tentei. Acabei por aquecer só debaixo dos lençóis. O frio era tanto que fechei as portadas das janelas, pela primeira vez em muitos anos. De tal forma que hoje quando acordei nem reparei se estava de chuva ou se havia sol. Preparei-me para o passeio matinal e quando ia já de saída lembrei-me de abrir as portadas.
Este foi o espectáculo que vi, ou por outra, fiquei pela metade do ver e só lhe apanhei o fim porque fui buscar a máquina.
Mas o mais engraçado é que não sei quem vibrou mais com tudo isto, se eu se a minha princesa pequenina. Dei comigo a tirar fotografias com todos os telemóveis e máquinas que tinha, pasmada com o tamanho e quantidade das pedras, feliz por ver a criatura pequena feliz. E tudo isto culminou comigo a chegar ao meu destino da manha, com o pára-brisas ainda cheio de pedras brancas lindas e sem ter posto as escovas, para poder ir a vendo aquele efeito de neve branca no vidro. Sonhar nunca fez mal a ninguém… pelo menos este tipo de sonhos!

“O único remédio para o nascimento e para a morte é o de gozar o que os separa.”
(Jorge Santayana)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

29.11.10 Dormir




Quando se vê muita coisa bonita num curto espaço de tempo fica-se com uma sensação esquisita. Ou pelo menos eu fico. Fico aparentemente apática e lerda e realmente calada e pensativa. As coisas dão voltas e embrulham-se na minha cabeça e fico sem saber como, e o que é que vou aprofundar primeiro, onde vou a seguir e porquê. Chego a ficar irritada e preciso de ajuda para me orientar. Arrumar as ideias na cabeça não é nada fácil. Quero tudo ao mesmo tempo, gosto de tudo sem excepção. Só precisa de ser bonito. Depois as histórias encadeiam-se e, se não me acalmar, começa a aparecer a ansiedade do querer conhecer tudo ao mesmo tempo. Páginas tantas começa-me a faltar as forças físicas e desmorono. Nesta altura das duas três ou paro ou vou dormir, que não deixa de ser uma forma de parar.

“Dormirei, boas novas acharei “
(Provérbio)

domingo, 28 de novembro de 2010

28.11.10 Festa é Festa


"Vês, querida, o horizonte ardendo em chamas?..."


Festa é festa. Nada melhor que festejar.
Qualquer pretexto serve para se festejar. Hoje o pretexto é grande, por isso comer bem, beber melhor e estar feliz é o mote. O presente foi o sorriso na cara, que este fim-de-semana consegui manter.
O poder das coisas bonitas… O poder das coisas boas desta vida… o poder de saber apreciar e aproveitar cada bocadinho…
Que seja assim por muitos anos.

"Vês, querida, o horizonte ardendo em chamas?
          Além desses outeiros
Vai descambando o sol, e à terra envia
          Os raios derradeiros;
A tarde, como noiva que enrubesce,
Traz no rosto um véu mole e transparente;
No fundo azul a estrela do poente
          Já tímida aparece.

Como um bafo suavíssimo da noite,
          Vem sussurrando o vento
As árvores agita e imprime às folhas
          O beijo sonolento.
A flor ajeita o cálix: cedo espera
O orvalho, e entanto exala o doce aroma;
Do leito do oriente a noite assoma
          Como uma sombra austera.

Vem tu, agora, ó filha de meus sonhos,
          Vem, minha flor querida;
Vem contemplar o céu, página santa
          Que amor a ler convida;
Da tua solidão rompe as cadeias;
Desce do teu sombrio e mudo asilo;
Encontrarás aqui o amor tranqüilo...
          Que esperas? que receias?

Olha o templo de Deus, pomposo e grande;
          Lá do horizonte oposto
A lua, como lâmpada, já surge
          A alumiar teu rosto;
Os círios vão arder no altar sagrado,
Estrelinhas do céu que um anjo acende;
Olha como de bálsamos rescende
          A c’roa do noivado.

Irão buscar-te em meio do caminho
          As minhas esperanças;
E voltarão contigo, entrelaçadas
          Nas tuas longas tranças;
No entanto eu preparei teu leito às* sombra
Do limoeiro em flor; colhi contente
Folhas com que alastrei o solo ardente
          De verde e mole alfombra.

Pelas ondas do tempo arrebatados,
          Até à morte iremos,
Soltos ao longo do baixel da vida
          Os esquecidos remos.
Calmos, entre o fragor da tempestade,
Gozaremos o bem que amor encerra;
Passaremos assim do sol da terra
          Ao sol da eternidade."

Machado de Assis, in 'Falenas'

sábado, 27 de novembro de 2010

27.11.10 Ir


Ponte Romana


Aprender, aprender, aprender, sempre a aprender até morrer.
Ver é uma das formas mais eficazes de aprender. Ver coisas novas aguça a curiosidade e a curiosidade faz-nos conhecer mais e torna-se num ciclo vicioso e muitas vezes imparável.
Viajar é viciante e fica-se predisposta para aceitar coisas novas. Viajar é um 5 ou um 6 em 1. Viajar é ver, é sentir, é observar, é procurar, é cheirar, é experimentar, é vasculhar, bisbilhotar, é estar atento. Viajar é muito, muito produtivo em termos de aprendizagem. Para alem de ver e aprender, sai-se da rotina diária, não se pode dormir em forma, tem de se estar atento. È delicioso, principalmente quando nos surpreende, quando sai melhor do que a encomenda.

“Viajar é nascer e morrer a todo o instante”
( Victor Hugo)  

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

26.11.10 Sua Beleza


Pratos


Parecia que tinha saído à rua pela primeira vez.
Senti-me noutro mundo, estava embasbacada, alias como sempre. Olho para todos os lados com atenção redobrada, para aqui e para ali e para todo o lado. Oiço tudo, o mínimo som faz-me desviar o olhar, a atenção, o sentido.
Sair em Lisboa tem destas coisas, para qualquer lado que me vire tenho coisas diferentes, novas, cheias de vida, engraçadas, bonitas.
Sim, à noite todos os gatos são pardos, os defeitos não se vêm, os contornos tomam dimensões diferentes, as sombras imprimem magia.
A noite em Lisboa tem encanto. O barulho das luzes, as vozes, as gargalhadas, as conversas, o chiar dos eléctricos, o movimento, as luzes quentes que pairam no ar, as cores alegres das fachadas quando estão iluminadas…

Sua Beleza

“Sua beleza é total
Tem a nítida esquadria de um Mantegna
Porém como um Picasso de repente
Desloca o visual

Seu torso lembra o respirar da vela
Seu corpo é solar e frontal
Sua beleza à força de ser bela
Promete mais do que prazer
Promete um mundo mais inteiro e mais real
Como pátria do ser”

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas")

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25.11.10 Qual menina pequenina!

Edifício da Caixa Geral de Depósitos

À pois é! Senti-me uma menina pequenina de vestidinho de Smokes e laçarote armado, mãos atrás das costas todas entrelaçadas, rosto ligeiramente descaído para o lado, olhos no chão, bochechas coradas e sem fala de tanta vergonha.
É em pequeninas coisas como a que aconteceu hoje que vejo que sou envergonhada.
Ter vergonha não é vergonha mas às vezes, e com a minha idade, torna-se embaraçoso.
E é aqui que a porca torce o rabo, é que fico sempre com a sensação que a minha vergonha pode rapidamente ser interpretada como falta de educação ou altivez.
Se as pessoas tivessem dentro de mim, saberiam que não se trata nem de altivez nem de falta de educação mas sim de uma grande vontade de querer ser simpática e amável, sem saber como.

“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...”
(Álvaro de Campos)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

24.11.10 Pão Quente

Pão quentinho e acabadinho de fazer


Eram 6 da manha e o meu estômago começou a dar horas.
Acordei com uma nuvem de cheiro a pão quente a entrar-me pelo nariz a dentro. Hummmm! Que bem que cheirava!
Aconteceu que ainda não eram horas de acordar ninguém, por isso, a custo virei-me para o lado e esperei que o despertador tocasse. Saltei da cama e, mais excitada do qualquer um, acordei-os com um: - Já sentiram o cheirinho do pão quente? Vá, vamos lá ver como ficou. Uma desenforma o pão, outra põe a mesa do pequeno-almoço e outra tira fotografias.
Diz a princesa pequena: - A Mãe faz sempre o mais fácil, aposto que é quem tira as fotografias e eu é que tenho de pôr a mesa…



“Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade.”
(Georges Bernanos)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

23.11.10 Pão Quentinho


Será que é desta?


Amanhã vou acordar com cheiro a pão quentinho, ou não!
Amanhã vou acordar com a máquina fotográfica na mão, ou não!
Mas o melhor de tudo é que não fui eu a grande empreendedora deste “projecto”… Foram as minhas pulgas!
Vamos ver o que vai sair!
Antes tudo fosse tão simples quanto isto!

“O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e partilho-o.”
(Madre Teresa de Calcutá)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

22.11.10 Pós-Festa II

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Ai que as festas dão cabo de mim!
O tempo passa a trezentos e não se consegue tirar o melhor partido de todos os que estão nela, de tudo o que ela envolve, de cada sorriso, de cada conversa, de cada abraço, de cada gesto.
Ontem não houve tempo para nada, hoje vem o desânimo de mais um dia igual aos outros.

“Lá fora passarão civilizações, escacharão revoltas, turbilhonarão festas, correrão mansos quotidianos povos. E nós, ó meu amor irreal, teremos sempre o mesmo gesto inútil, a mesma existência falsa.”
(Fernando Pessoa)

domingo, 21 de novembro de 2010

21.11.10 1ª Comunhão

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Mais um dia importante. A minha filha pequenina teve um dois em um. Hoje, 21 de Novembro de 2010 - "DIA DE CRISTO REI”, a minha princesinha teve a sua Primeira Comunhão e fez 9 anos. Um dia em cheio. Os festejos foram a dobrar.

“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.”
(Vinícius de Moraes)

sábado, 20 de novembro de 2010

20.11.10 A minha Trepadeira

A minha Trepadeira



A minha trepadeira está para mim como o Pé de Laranja Lima estava para o Zézé.
Vivo com ela, desabafo com ela, fico contente quando acorda depois de um longo inverno, fico um bocadinho triste e sozinha quando ela se deita para descansar depois de uma temporada grande e intensa de esplendor.
Hoje dei-me conta que as últimas folhas me estavam a chamar, provavelmente para me dizerem adeus até à próxima época. E eu sem saber muito bem porquê, fui buscar a minha máquina fotográfica. Bateu-me uma saudade! Pode ser que ainda as veja renascer mas, quem sabe não será esta a última vez que me dizem adeus

"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus".
(Pablo Neruda)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

19.11.10 - 1 W 4 K

1 Week 4 Kids

Projecto engraçado que decorreu no meu escritório durante toda esta semana que passou.
Explicando por alto: venda de bolos e afins, café, chá ou laranjada para angariar fundos para um projecto específico ligado a crianças. A produção ficou a cargo de toda a empresa e dirigiu-se a todos os que conseguimos atingir, fornecedores, clientes, colegas de edifícios, seguranças, e todos quantos por lá quisessem passar.
A acção correu maravilhosamente bem e eu, este ano contribui com a reportagem fotográfica e alguns lanches.
O objectivo excedeu as expectativas e as verbas angariadas vão ser canalizadas para mais dois projectos ligados a crianças, para alem do inicial a que nos propusemos.


Cada um dá segundo as suas posses”
Provérbio