sexta-feira, 22 de outubro de 2010

22.10.10 Madrugada

Madrugada

Acordei com o despertador, levantei-me como sempre para o ir desligar. Olhei lá para fora e o meu coração disparou de susto. Vinha de lá uma luz encarnada, parecia que tudo estava a arder.

Eu e as minhas paranóias dos fogos! Saltei para a janela, abri-a e assisti a um espectáculo como à muito não via igual.

Não, não era fogo era o sol a nascer entre as palmeiras e o mar e as casas e as nuvens…

Tem estado uns nascer do sol bonitos, encarnados! Os primeiros raios são dourados e reflectem-se nas palmeiras e eu, ainda deitada, assisto a estes primeiros preliminares completamente assombrada com tanta beleza. 
Mas hoje superou. 
Para além do susto, fiquei completamente embasbacada. Corri para a minha máquina e tentei, tanto quanto possível reproduzir aquele azul e aqueles tons de fogo.  Tentei de longe, tentei de perto, tentei de todas as maneiras, estava tudo tão bonito que não conseguia parar de disparar o gatilho. Até porque as cores ainda estavam parecidas, mas o espectáculo não estava a passar na sua dimensão. Aquela imensidão de céu a arder…


"Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso..."
(Mário Quintana)



Onde estás oh doce madrugada?

Onde sempre me deixaste
Um pouco mais longe
Um pouco mais pequena
E talvez não me sintas tão quente
Mas foste tu meu sol
Que te encantaste pelo lusco-fusco
E me deixaste sozinha em tantas noites
Hoje saio mais cedo porque chegas mais tarde
E tardes são as palavras que repetes no teu dia
Nem a manhã se sente quente a teu lado

Oh doce madrugada
Nao fui para a tarde nem deixei a manhã
Estou mais raro no meu calor
Mas brilho tanto quanto posso
E não é raro ver a encantadora lua
Vir espreitar a minha luz
Encantada ela pelas cores que pinto de dia
Podem ser curtas e frias as manhãs
E posso até puxar cedo o lusco-fusco
Mas não deixo de gostar de te sentir
Em beijo doce e quente pela manhã

Meu sol meu querer
Não posso estar onde me queres
Se chegares cabisbaixo e cansado
Gosto de ti e beijo
Quando voltares a cantar
Leves melodias de sal e calor
Hoje vou ver-te de longe
Pegar no resto frio e molhado da minha noite
Aquece o que sobra e pinta o teu céu para a noite
Tu e o roufenho lusco-fusco

Um beijo quente vou dar à noite
A pensar em ti oh doce madrugada
(Eu antes de mim)

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