Chegou a hora de outra despedida. Uns vão, outros vêm, dizem-me baixinho ao ouvido. Mas o meu poder de acreditar está bastante avariado. As peças vão caindo e eu, sem saber onde as encaixar. Até quando?
“Abraça-me bem
Levanta o teu corpo cansado do chão.
Afasta esse peso que te esmaga o coração.
Abre uma janela e pergunta-te quem és.
Respira mais fundo e enfrenta o mundo de pé.
Eu venho de tão longe e procuro há mil anos por ti.
Estendo a minha mão até te sentir.
Não sabemos nada do que somos nós.
Mas sabemos tanto do que muda por não estarmos sós.
Abraça-me bem
Levanta os teus olhos para me olhar assim.
Procura cá dentro onde me escondi.
E eu tenho medo, confesso, de dar
O mundo onde guardo tudo o que mais quis salvar.
Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto.
Não há como saber se o caminho é o certo.
Só pode voar quem arriscar cair.
Só se pode dar quem arriscar sentir.
Abraça-me bem”
(Mafalda Veiga)